sexta-feira, 10 de outubro de 2008
A roda.
Não sei em âmbito internacional, mas pelo menos na minha cidade não se fala de nada além da "roda". Talvez seja pela proposta de dinheiro extremamente fácil, a roda sem sombra de duvidas é um "jogo de azar" que conseguiu atingir mais gente que tibia num intervalo de tempo ínfimo. É impressionante a motivação das pessoas pra arrecadar migalhas distribuídas por todos os seus grupos de amigos: do curso, da escola, da praia, do pessoal da vila da vovó...
Assim como o papai Noel com aquele velho ditado de que "ele não visita morro”, a "roda" não beneficia desprovida de malícia, fazendo com que afobados cordeirinhos pseudo-investidores sejam devorados por famintos lobos ávidos por dinheiro. Espanta-me a voracidade com que adeptos desse esquema correm atrás de apoios, quem diria se corressem assim atrás de emprego ou trabalho.
Mas é compreensível... Desde que o mundo é mundo e que a Dercy era uma ninfeta, a relação esforço/dificuldade é inversamente proporcional. Costume herdado dos nossos "impagáveis" colonizadores lusitanos. Se for fácil, corre-se atrás pelo fato da ilusão alimentar a força de vontade, mas se for difícil, não vale o esforço, não importa a recompensa.
Então, é necessária uma injeção de motivação na sociedade atual para que ela aprenda a se adequar aos padrões mundiais. Até então a moda tem sido buscar alternativas arriscadas e irresponsáveis (carinhosamente chamadas de "jeitinho brasileiro"), nosso povo é um bebe chorão, que foge do pai que é o capitalismo, que exige força e sagacidade, sendo extremamente rígido, e procura o refugio nos braços da mãe, o comunismo que passa a mão em sua cabeça e promete que seus coleguinhas de classe vão dividir as figurinhas do bafo com ele. Então, mudemos isso logo ou o único dia em que o povo vai correr atrás de algo vai ser em 27 de setembro.
Como funciona a roda na teoria?
Uma pessoa resolve começar um esquema fácil pra ganhar dinheiro e chama 2 amigos metidos a espertos. Esses dois amigos, chamam outros 2 cada um, e assim sucessivamente. Cada um que entra na roda, além de pagar, arca com a responsabilidade de chamar outras 2 pessoas que paguem.
Sob o aspecto legal (ou ilegal):
Em Portugal (não é que os gajos são inteligentes), vigora uma lei que proíbe qualquer esquema em que "o consumidor dá a sua própria contribuição em troca da possibilidade de receber uma contrapartida que decorra essencialmente da entrada de outros consumidores no sistema"¹
No Brasil, no entanto, nenhuma lei é capaz de enquadrar a dita “roda da fortuna". Vale lembrar que a situação não se encaixa em estelionato, pois a partir do momento em que o indivíduo (ou endividado, entenda como quiser) entra na roda, ele deve estar ciente de que esta correndo riscos, entre eles, do esquema quebrar e ele ficar com uma mão na frente e a outra atrás.
1-artigo sétimo do decreto-lei número 57/2008
2-Título II, Capítulo VI, Artigo 171
Cada um na sua roda ...
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Texto por : Vinicius Moraes & Otto Von
Ilustrador : Daniel Galdino
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2 comentários:
é cara, essa roda vai ficar mais famosa que o roda a roda do silvio santos, vai ficar mais rodada que puta pobre... e vai alienar à todos assim como a globo.. esse é o brasil, num lugar onde não há punição, só poluição. (visual, escrita, auditiva, atmosférica...(...))
a parada é se manter rígido nesse quebra-pau nacional
Um brinde então, à mediocridade e à ignorância!
Triste ver as pessoas assinando contratos de dependência social...
Praticamente um casamento com divórcio iminente!
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